domingo, 25 de outubro de 2009

Menino dentro de um balão?

- Faz hoje dez dias que a família Heene deu o golpe do balão, no Colorado. O assunto deveria ter morrido assim que se descobriu que o menino Falcon Heene não estava a bordo daquele balão de fabricação doméstica, em forma de disco voador; mas a mídia é insaciável, e o episódio continua rendendo.




Rendendo notícias (na quarta-feira a rede de TV ABC adiou sine die a reprise de um programa da série Wife Swap em que os Heenes deram o ar de sua brejeirice, sete meses atrás), especulações (Richard Heene, pai de Falcon e mentor da fraude, pode pegar entre 4 e 6 anos de cadeia), gozações na internet e até devaneios líricos sobre o ancestral desejo dos humanos de voar, de preferência para bem longe deste insensato mundo.



Os devaneios são lícitos. O homem sempre quis, mesmo, imitar os pássaros (como o grego Ícaro), apreciar o mundo lá de cima (como os baloneiros de Júlio Verne), atravessar terras e mares pelo céu (como o padre Bartolomeu de Gusmão) ou simplesmente levitar e sumir (como a bela Remédios de Cem Anos de Solidão). Nem todos se deram tão mal quanto Ícaro, cujas asas de cera os raios solares derreteram no ar, e o padre paranaense Adelir de Carli, aquele patético Dick Kennedy de sotaina que morreu tentando bater o recorde de voo em balões de festa, em abril deste ano; e só um menino, Pascal Lamorisse, se deu maravilhosamente bem com os balões (um vermelho, outro laranja) que seu pai, o cineasta Albert Lamorisse, lhe pôs à disposição em dois marcos do cinema poético francês.



Falcon, porém, não se ajusta a nenhum desses arquétipos. Escondido na garagem de sua casa, enquanto todos morriam de suspense em cadeia nacional e via satélite, foi apenas um falso herói, o cúmplice de uma pegadinha publicitária visando à concretização de um reality show, um inocente útil do pai. Certas pessoas fazem qualquer coisa para aparecer na televisão. Só não digo que Richard Heene foi às últimas consequências porque, afinal, não amarrou o filho ao balão. Seu parâmetro grego não é Dédalo, o pai de Ícaro, mas Heróstrato, aquele incendiário que destruiu o templo de Artemisa, em Éfeso, uma das sete maravilhas da Antiguidade, só para ganhar fama e ter seu nome para sempre lembrado.



Por esse aspecto, a não viagem em balão de Falcon foi uma vigarice perfeitamente sintonizada com a falência ética corrente e o anseio bocó de se expor aos olhos da multidão, através do vídeo, como se aparecer na televisão fosse uma necessidade vital, como respirar, comer, beber e dormir; vale dizer, um encontro de Narciso com Heróstrato. A patranha talvez não renda um reality show exclusivo para os Heenes, mas já resultou num dos maiores hits do YouTube deste semestre, com o Hitler de Bruno Ganz, no filme A Queda, apostando tudo no sucesso da viagem em balão de Falcon e apavorado com a hipótese de que lhe possa suceder o que aconteceu com o dirigível Hindenburg, ao tentar aterrissar em Nova Jersey, em 1937.
 
E o pessoal do Charges não ficaram de fora dessa:
 




2 comentários:

Unknown disse...

Eu fique fú nesse dia nossa fiquei com tanta raiva
Se os pais quer aparecer é só colocar um pinico na cabeça e sai andando não usar o gurisinho coitado
Mais não fica com ciúme não porq quem tem motivo pra ficar com ciúme sou eu né vc ainda tem aula com ela é eu que não rsrs
teve sorte ou como queira azar rsrs não azar acho que não mais sorte sim e como bjs rsrs
nem falamos mal de vc tá :d:d:d
kkkkkkkkkkk

D@N/E(_ disse...

Sei que vcs não falaram mal de mim...eu vi no blog da prof...mas td bem..!!!!Vcs vão precisar de mim um dia...rsrsrsrs....Essa história é muito louca né?O mundo inteiro parou nesse dia.....E o pessoal do charge foram muito criativos né?

bjs